Final de ano. Festas, ceias, churrascos. Família reunida
para festejar. Fico relembrando as agruras da infância. Ainda hoje vemos muitas
pessoas que se preocupam com a cor da roupa, em usar calcinha nova ou pelo
menos uma peça de roupa nova, em fazer alguns rituais para ter sorte no novo
ano.
Quando eu era criança, acabava participando de muitos desses
rituais e tradições. Nunca acreditei muito nessas coisas, pois não sou
supersticiosa. Para minhas primas e eu, tudo era uma brincadeira mágica. E
quais eram os rituais? Vamos lista-los aqui:
1 – Cores de roupas e nossos desejos para o próximo ano. A
maioria vestia branco, para ter paz. Mas os adultos escolhiam lingeries de
cores variadas de acordo com o que gostariam de ter também no novo ano, além da
paz. Vermelho: paixão. Rosa: amor. Verde: esperança. Amarelo ou dourado:
dinheiro. E por aí vai. E nós, crianças, queríamos mesmo era o branco. Deus me
livre roupa vermelha pra ter paixão! Queríamos era bagunça e diversão! Claro
que se tivesse uma cor especial pra ganhar mais presentes, bem que gostaríamos.
2 – O que fizéssemos à meia noite e no primeiro dia do ano,
faríamos o ano todo. Nessa hora a gente caprichava. Fazer a contagem regressiva
com o pé direito, perto da família, alegres e sorrindo era primordial. E no dia
01? Fazíamos tudo o que era mais divertido. Brincadeiras, doces gostosos,
música. Ganhar presentes...hehe. Porque queríamos continuar o ano todo assim. E
quando acontecia algo ruim no primeiro dia tipo uma dor de barriga, ou não entrar
de pé direito? E quando acordávamos tarde, achávamos que acordaríamos tarde o
ano todo. Se comêssemos bolo, comeríamos o ano todo e por aí vai.
3 – Comer romã e colocar na carteira. Lembro bem de ir com
nossos pais atrás de Romã, uma fruta exótica, para poder comer sete sementes no
dia de ano e colocar na carteira para ter fartura. Eu e minhas primas não estávamos
nem ligando pra isso. Só pra chupar umas sementinhas de romã mesmo que eram bem
gostosas...
4 – Existiam também os pratos típicos da data. A lentilha, o
espumante, o bolo da vó. Nossos pais comiam lentilha pra ter sorte. E nós
porque era gostoso. Sinceramente? Eu nem sabia direito o que era ter sorte
naquela época. Pra mim eu já tinha muita sorte.
Hoje me lembro e dou muita risada. Já não ligo mais pra cor
de roupa. Mas gosto de usar roupa nova, como em qualquer festa. Percebo que
esses rituais eram mais brincadeiras para nós crianças. E os nossos pais já
perceberam que tudo isso não vale nada. O que vale de verdade é trabalhar muito
para ter as coisas. O rico, o bem-sucedido, 99% das vezes não teve sorte. Teve
suor, esforço e luta. Teve coragem de acordar cedo, dar o seu melhor. Teve
visão de futuro e plantou a semente. Sorte é poder acordar todos os dias e
lutar pelos seus objetivos. Sorte é trabalhar no que gosta. Sorte é ter uma
família unida o ano todo, não apenas nas festas. É ter saúde. Feliz ano novo
para todos!!!
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